Em 2024, o Pantanal enfrenta uma das piores crises de incêndios de sua história, com chamas devastando uma área seis vezes maior que a cidade do Rio de Janeiro. O primeiro semestre deste ano já é considerado o mais crítico em termos de queimadas desde o início das medições históricas.
Localizado no coração da América do Sul, abrangendo partes do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o Pantanal é um dos biomas mais ricos em biodiversidade do planeta, mas agora está sob chamas que consomem sua vegetação e ameaçam sua fauna única.
As causas dos incêndios são múltiplas, embora previsíveis e passíveis de prevenção. A combinação de uma das piores secas da história, com a vegetação extremamente seca e a ação humana, principalmente através de queimadas descontroladas, cria um cenário propício para a propagação rápida e incontrolável do fogo. Estudos recentes indicam que as mudanças climáticas têm exacerbado as condições de seca, tornando o Pantanal ainda mais vulnerável a incêndios.
O impacto sobre a vida silvestre é devastador. Animais que habitam o Pantanal, como onças-pintadas, araras-azuis, jacarés e capivaras, enfrentam a destruição de seus habitats. Muitos não conseguem fugir a tempo e acabam morrendo nas chamas. Aqueles que sobrevivem, frequentemente sofrem queimaduras graves, desidratação e fome. As queimadas não só matam diretamente os animais, mas também ameaçam espécies inteiras de extinção local ao destruir seus lares e fontes de alimento.
O destino dos animais sobreviventes é muitas vezes trágico. Sem um habitat seguro para retornar, eles vagam pelas áreas queimadas em busca de abrigo e alimento. Centros de reabilitação, como o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), estão em alerta máximo, prontos para receber e tratar os animais vítimas do fogo. Esses centros oferecem cuidados essenciais, como tratamento para queimaduras e reabilitação alimentar, mas a capacidade de lidar com o grande número de animais afetados é limitada.
Como exemplo fantástico de ações para cuidar dos animais que têm sido vítimas recorrentes dos incêndios no Pantanal, indicamos o projeto “Órfãos do Fogo” do Instituto Tamanduá (@institutotamandua). Esse projeto começou a partir dos grandes incêndios no Pantanal em 2020 com o objetivo de cuidar, reabilitar e devolver para a natureza filhotes órfãos de tamanduá-bandeira, vítimas da catástrofe.
O fogo no Pantanal em 2024 não só representa uma catástrofe ambiental, mas também um grito de alerta sobre a necessidade urgente de medidas de proteção e prevenção mais eficazes. Sem ações imediatas e contínuas, o futuro deste ecossistema vital e de suas espécies únicas permanece incerto.
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Thayara Nadal, médica veterinária no projeto Vida Silvestre, Vida Livre do Fórum Animal.