Com a aproximação da COP 2025, a comunidade global se prepara para discutir os efeitos das mudanças climáticas sobre o planeta. Enquanto as discussões sobre energia limpa, emissões de carbono e justiça social ganham destaque, é crucial que os impactos das alterações climáticas nos ecossistemas e na fauna silvestre também ocupem um lugar central. Animais silvestres, de insetos a mamíferos, já enfrentam mudanças drásticas em seus hábitos e habitats. Este texto explora cinco maneiras pelas quais a emergência climática está afetando diretamente essas espécies, para que seja destacada a gravidade da situação.
- Mudança de hábitos
O aumento das temperaturas e as alterações nos padrões de chuvas forçam muitas espécies a modificar seus comportamentos para sobreviver. Aves migratórias, por exemplo, estão ajustando suas rotas e períodos de migração, o que interfere diretamente nos ciclos de reprodução e alimentação. Mamíferos como o urso-pardo saem da hibernação mais cedo, enfrentando escassez de alimentos. No interior de São Paulo, a Associação Mata Ciliar acolhe animais silvestres que buscam recursos nas cidades ou que estão fugindo de queimadas, um claro exemplo de como as mudanças nos hábitos naturais desses animais estão ligadas a desastres ambientais provocados pela crise climática.
- Mudança de temperatura
A elevação das temperaturas globais é sentida em diversos ecossistemas. No Pantanal, uma seca severa combinada com altas temperaturas levou muitos animais a ficarem atolados na lama e a buscarem desesperadamente por água e alimento em um cenário que ficou conhecido como “fome cinzenta” . Esta mudança nas condições ambientais causa uma enorme pressão sobre espécies como a onça-pintada e o cervo-do-pantanal, que enfrentam a destruição de seu habitat natural. Em contrapartida, na Patagônia, o inverno mais rigoroso em décadas está levando animais ao congelamento, um fenômeno extremo que também é atribuído às mudanças climáticas.
- Alterações nas populações de insetos
Insetos desempenham papéis fundamentais, como polinização e decomposição, mas estão sendo severamente afetados pelo clima em transformação. A diminuição populacional de abelhas, por exemplo, está diretamente relacionada à perda de plantas polinizadoras e às variações de temperatura. Outro caso alarmante é o comportamento de insetos associados a culturas agrícolas, como gafanhotos, que, devido às mudanças climáticas, têm crescido em população e se espalhado para novas regiões, impactando tanto a agricultura quanto os ecossistemas naturais .
- Perda de habitat costeiro
Animais que dependem de habitats costeiros, como aves marinhas e tartarugas, enfrentam o encolhimento de suas áreas de reprodução devido à elevação do nível do mar e à erosão costeira. No Brasil, os Centros de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) e projetos de organizações não governamentais desempenham um papel essencial na resposta a emergências ambientais causadas por desastres climáticos, como o resgate e a recuperação de espécies impactadas pelo aumento do nível dos oceanos .
- Aumento de desastres ambientais
Desastres ambientais exacerbados pelas mudanças climáticas, como incêndios e secas, estão se tornando mais frequentes e intensos. No Pantanal, as queimadas constantes têm causado perdas irreparáveis à biodiversidade , e a seca extrema continua ameaçando espécies que dependem dos corpos d’água para sobreviver. Além disso, em diversas regiões do Brasil, como na Amazônia, os incêndios florestais têm devastado populações de primatas e aves, ressaltando a necessidade de uma resposta mais robusta e urgente aos desastres ambientais .
A crise climática já está transformando a natureza de forma drástica, e seus efeitos só devem se intensificar nos próximos anos. A COP 2025, em especial o Brasil, precisa colocar a biodiversidade no centro das discussões, reconhecendo que as mudanças climáticas impactam profundamente as espécies que compartilham o planeta conosco. A proteção dos habitats e a adaptação das espécies a esse novo cenário emergencial são cruciais para garantir o equilíbrio dos ecossistemas e a sobrevivência de muitas espécies.
Fontes
- Associação Mata Ciliar acolhe animais vítimas das queimadas no interior paulista. Mídia Ninja. Disponível em: https://midianinja.org/associacao-mata-ciliar-acolhe-animais-vitimas-das-queimadas-no-interior-paulista/
- Pantanal em emergência: animais ficam atolados na lama e procuram por água durante seca severa. G1. Disponível em: https://g1.globo.com/google/amp/mt/mato-grosso/noticia/2024/08/08/pantanal-em-emergencia-animais-ficam-atolados-na-lama-e-procuram-por-agua-durante-seca-severa-veja-video.ghtml
- Patagônia enfrenta inverno mais rigoroso das últimas décadas. CNN Brasil. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/patagonia-enfrenta-inverno-mais-rigoroso-das-ultimas-decadas/
- A importância dos CETAS na resposta a emergências climáticas. Fauna News. Disponível em: https://faunanews.com.br/a-importancia-dos-cetas-na-resposta-a-emergencias-climaticas/
- Biodiversidade do Brasil ameaçada por mudanças climáticas. Conexão UFRJ. Disponível em: https://conexao.ufrj.br/2023/12/biodiversidade-do-brasil-ameacada-por-mudancas-climaticas/
- Vídeo: frio intenso com temperaturas de -20°C deixa animais congelados na Patagônia. Jornal de Pomerode. Disponível em: https://www.jornaldepomerode.com.br/video-frio-intenso-com-temperaturas-de-20c-deixa-animais-congelados-na-patagonia/
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Thayara Nadal, Médica Veterinária no projeto Vida Silvestre, Vida livre do Fórum Animal.