Autor: Anaryá
Passarelas de Fauna: podemos proteger a Vida Silvestre nas nossas estradas?
As passarelas de fauna, também conhecidas como corredores ecológicos aéreos ou terrestres, são estruturas projetadas para facilitar a travessia segura de animais silvestres sobre ou sob rodovias e ferrovias, minimizando o risco de atropelamentos. Elas são criadas em áreas onde rodovias cortam habitats naturais, representando uma solução crucial para mitigar os impactos da fragmentação de ecossistemas e proteger espécies em risco de extinção.
O atropelamento de animais silvestres é uma das principais causas de morte de espécies nativas em diversas regiões. No Brasil, rodovias como a BR-101 e a BR-040 têm histórico de alta mortalidade de fauna. A BR-101 tem início no Rio Grande do Norte e finaliza no Rio Grande do Sul, sendo a maior rodovia federal do país. Já a BR-040, tem início em Brasília e término no Rio de Janeiro, englobando a Serra de Petrópolis. Além dos atropelamentos, a construção de estradas e outras infraestruturas fragmenta habitats naturais, separando populações de animais e reduzindo sua diversidade genética. Isso pode comprometer a persistência de espécies localmente a longo prazo. Uma grande fonte de informações sobre esse tema é a coluna “Ecologia de Estradas”, do portal de notícias Fauna News.
As passarelas e túneis permitem que os animais cruzem com segurança as estradas, sem precisar invadir o tráfego. Estudos mostram que a implementação dessas estruturas diminui drasticamente a taxa de atropelamentos e ajuda a restabelecer a conectividade entre fragmentos de habitats, permitindo que os animais mantenham suas rotas migratórias, busquem parceiros, alimentos e refúgio.
A instalação de passarelas é benéfica para diferentes grupos de animais, desde mamíferos de grande porte, como onças e veados, até pequenos répteis, anfíbios e insetos. Além de proteger a vida silvestre, essas estruturas ajudam a manter o equilíbrio ecológico.
Um caso de sucesso é o projeto implementado no Paraná, onde passarelas aéreas e túneis têm reduzido consideravelmente o número de atropelamentos de animais, como mostra um estudo recente da Rede de Monitoramento de Rodovias. Outro exemplo é o projeto na BR-040, que inclui passarelas para travessia segura de animais na descida da Serra de Petrópolis .
A construção das passarelas de fauna é uma política pública que depende de um planejamento multidisciplinar que envolve vários estudos, levando em consideração as espécies locais, a geografia e os padrões de movimentação dos animais. As estruturas podem ser projetadas como túneis subterrâneos ou pontes verdes que se integram ao ambiente, com vegetação que simula o habitat natural, atraindo os animais a utilizá-las. O uso de cercas-guia também é recomendado para direcionar os animais à passarela e impedir que invadam a rodovia. Além disso, o monitoramento contínuo dessas estruturas é essencial para avaliar sua eficácia e adaptá-las conforme necessário.
No contexto global, projetos de sucesso na Europa e América do Norte, como o corredor ecológico de Banff, no Canadá, têm servido como exemplo para o Brasil. O apoio internacional a esses projetos, como o do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) ao filme vencedor do “Oscar da Natureza”, destaca a relevância e a necessidade de investir em tecnologias que promovam o bem-estar animal e a preservação de ecossistemas.
As passarelas de fauna são uma solução vital para reduzir a mortalidade de animais silvestres nas estradas e preservar a biodiversidade. Elas não apenas garantem a segurança da fauna, mas também contribuem para a conectividade dos habitats, promovendo a saúde dos ecossistemas. A implementação correta dessas estruturas, com base em estudos de impacto e monitoramento contínuo, é essencial para garantir sua eficácia. Ao adotar essas soluções, avançamos na direção de um futuro mais sustentável e equilibrado, onde a vida silvestre possa coexistir com o desenvolvimento humano.
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Thayara Nadal, Médica Veterinária no projeto Vida Silvestre, Vida livre do Fórum Animal.
Fontes
1. G1. “Corredores ecológicos em rodovias do Paraná evitam atropelamento de animais silvestres.” Disponível em: https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2024/05/02/corredores-ecologicos-em-rodovias-do-parana-evitam-atropelamento-de-animais-silvestres-video.ghtml
2. Agência Brasil. “DNIT apoia projeto internacional vencedor de Oscar da Natureza.” Disponível em: https://agenciagov.ebc.com.br/noticias/202405/dnit-apoia-projeto-internacional-vencedor-de-oscar-da-natureza
3. Biogênese Ambiental. “Entenda a importância das passarelas aéreas para animais na Rota do Sol.” Disponível em: https://biogeneseambiental.com/entenda-a-importancia-das-passarelas-aereas-para-animais-na-rota-do-sol/
4. O Globo. “Passarelas para travessia de animais serão construídas na BR-040 na descida da Serra de Petrópolis.” Disponível em: https://oglobo.globo.com/google/amp/brasil/noticia/2022/10/passarelas-para-travessia-de-animais-serao-construidas-na-br-040-na-descida-da-serra-de-petropolis.ghtml
5. Coluna Ecologia de Estradas, no Fauna News:
Você sabe qual a origem dos zoológicos?
Os zoológicos têm uma longa história que remonta a tempos antigos, quando coleções de animais eram mantidas por monarcas e elites como símbolo de poder e prestígio. No entanto, a origem dos zoológicos como os conhecemos hoje está diretamente ligada ao imperialismo europeu dos séculos XVIII e XIX, quando grandes impérios traziam animais exóticos de suas colônias para exibição, simbolizando não apenas a dominação de territórios, mas também o controle sobre a natureza.
Conforme relatado pela BBC, em uma matéria de 2022, milhões de pessoas visitavam zoológicos para ver criaturas exóticas que despertavam curiosidade e entretenimento, sem considerar o impacto que esse cativeiro tinha sobre os próprios animais. Essa exibição não era apenas uma forma de lazer, mas também uma expressão de poder, onde a fauna de terras distantes estava à mercê dos colonizadores.
Zoológicos surgiram em Londres, Paris e Hamburgo nesse contexto, acompanhados pelo avanço da história natural e pela curiosidade em classificar a fauna e flora do mundo. A ciência natural florescia ao lado dessas coleções, e as exposições ao público favoreceram a impressão de que o conhecimento sobre a natureza estava acessível para todos. Contudo, essa origem está impregnada de uma história de dominação, onde os animais eram retirados de seus habitats e expostos como meros objetos em vitrines.
Alguns historiadores, ao abordar a evolução dos zoológicos na América Latina, destacam que muitos foram criados com intenções conservacionistas, especialmente no que tange à preservação de espécies nativas e um novo tipo de sensibilidade para com os animais. Essa perspectiva, endossada por organizações como a Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB), ressalta o papel que os zoológicos têm desempenhado em termos de conservação e educação .
No entanto, essa perspectiva pautada pela função da conservação e educação para conservação ainda carrega questões éticas centrais sem resposta:
- Mesmo considerando o discurso da conservação das espécies, para quem ela é importante?
- Seriam as práticas dentro do zoológico críticas e libertadoras?
- Poderiam os zoológicos contribuir para a construção de uma sociedade onde sejam levados em conta os interesses de todos os seres?
O desenvolvimento desses questionamentos pode ser lido na dissertação de mestrado defendida em 2018 na Universidade Federal Fluminense por Anna Paula Simões e orientação da Rita Paixão, intitulada: “Zoológicos: uma análise crítica acerca de seus papéis e de sua eticidade”. Recomendamos a leitura!
Embora zoológicos tenham mudado em gestão e foco, animais continuam sendo mantidos em ambientes artificiais, muitas vezes longe das condições naturais que lhes proporcionariam bem-estar. Além disso, a ideia de que zoológicos são hoje espaços de educação e preservação ainda mascara a realidade do entretenimento humano que os zoológicos insistem em não abordar com sinceridade.
Aqui surgem mais perguntas que devemos nos fazer: vale a pena manter instituições que, em sua essência, se originaram do desejo de dominação e curiosidade humana? É possível justificar a existência de zoológicos quando sabemos que, para muitos animais, esse ambiente significa sofrimento, privação de liberdade e estresse contínuo?
Carl Hagenbeck, um dos grandes fornecedores de animais para zoológicos ao redor do mundo, é muitas vezes citado como um visionário. No entanto, ele fez fortuna comercializando e explorando seres vivos, contribuindo para um sistema que tratava os animais como mercadorias. Embora alguns argumentem que zoológicos mudaram desde então, será que essa transformação foi suficiente para reverter os danos de uma história de crueldade e exploração?
Esse é o desafio que devemos enfrentar. O futuro dos zoológicos deve passar por uma transformação genuína, onde os direitos e o bem-estar animal sejam prioridade e não seja limitado por qualquer necessidade de entretenimento humano. Se os projetos de conservação em zoológicos ainda precisam ser financiados com entretenimento humano, isso deve ser repensado urgentemente a fim de cobrarmos por políticas públicas que supram essa dificuldade. Que o foco na conservação não seja apenas uma justificativa para manter essas instituições ativas, mas um compromisso real com a vida selvagem e o respeito à natureza.
O que você acha? Zoológicos fazem sentido para você?
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Thayara Nadal, médica-veterinária no projeto Vida Silvestre, Vida Livre do Fórum Animal.
Fontes:
BRITISH BROADCASTING CORPORATION. Milhões de pessoas visitaram zoológicos, mas o que essas instituições revelam sobre nós?. BBC, 2022. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-63371607. Acesso em: 12 set. 2024.
DUARTE, Regina Horta. História dos zoológicos na América Latina e suas transformações. 47º Congresso da Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB), Curitiba, 2024.SIMÕES, Ana Paula. A Ética e a Transformação dos Zoológicos Contemporâneos. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de São Carlos, 2020.
O que acontece com os filhotes que nascem nos zoológicos?
O nascimento de filhotes em zoológicos é frequentemente comemorado como um grande sucesso, tanto pelos próprios zoológicos quanto pela mídia e pelo público. Essas ocasiões costumam atrair atenção e divulgar uma “imagem positiva” dessas instituições, como foi o caso recente do nascimento de um tamanduá-bandeira e de um mico-leão-de-cara-dourada no Zoológico de Belo Horizonte, e o caso do Zoológico de Brasília que comemorou o nascimento de dois filhotes de lobo-guará. Entretanto, uma análise crítica revela que a realidade por trás desses nascimentos é mais complexa e nem sempre tão positiva quanto parece.
Quando se trata do destino dos filhotes que nascem nos zoológicos, há três caminhos principais: permanência no zoológico de origem, transferência para zoológicos ou outros mantenedouros de fauna, ou reabilitação e reintrodução na natureza. No entanto, todos esses caminhos apresentam desafios e implicações éticas que muitas vezes são ignoradas.
- Permanência no Zoológico: Muitos filhotes permanecem no zoológico onde nasceram. À primeira vista, isso pode parecer uma solução satisfatória, mas a permanência prolongada pode levar à superlotação. Esse excesso de animais, por sua vez, resulta em espaços de confinamento inadequados e, potencialmente, em condições inadequadas de bem-estar. Além disso, a superlotação pode limitar a capacidade do zoológico de aceitar novos resgates ou de proporcionar um ambiente enriquecido para todos os seus habitantes.
- Transferência para Outros Zoológicos ou Mantenedouros de Fauna: Outra opção é a transferência dos filhotes para outros zoológicos e/ou mantenedouros de fauna. Embora essa prática seja justificada como uma maneira de diversificar o patrimônio genético e evitar a consanguinidade dos animais mantidos em cativeiro, também levanta questões éticas. A constante movimentação de animais entre zoológicos pode ser estressante e prejudicial ao bem-estar dos filhotes, que são submetidos a ambientes desconhecidos e novas rotinas.
- Reabilitação e Reintrodução na Natureza: Talvez o argumento mais atraente usado pelos zoológicos seja a promessa de reabilitação e reintrodução dos filhotes na natureza. No entanto, essa prática é extremamente rara e envolve uma série de desafios quase insuperáveis. A maioria dos filhotes nascidos em cativeiro não desenvolve as habilidades necessárias para sobreviver na natureza, e os ambientes naturais apropriados para a reintrodução são cada vez mais escassos. Mesmo quando a reintrodução é possível, as taxas de sucesso são geralmente baixas, o que levanta a questão: até que ponto a reprodução em cativeiro é realmente uma contribuição significativa para a conservação?
A reprodução em cativeiro é muitas vezes promovida como uma ferramenta essencial para a conservação de espécies ameaçadas. No entanto, a eficácia dessa estratégia tem limitações porque sem um plano claro e viável de reintrodução, pode ser vista mais como uma forma de manter animais confinados do que uma iniciativa de conservação que priorize a vida livre. Além disso, ao reproduzir animais em cativeiro, os zoológicos podem estar utilizando os recursos que poderiam ser mais eficazmente aplicados em programas de conservação in situ, ou seja, na natureza.
O caso dos tamanduás-bandeira e dos micos-leão-de-cara-dourada em Belo Horizonte ilustra essa problemática. Embora o nascimento desses filhotes tenha sido celebrado como uma vitória para a conservação, a realidade é que esses animais provavelmente passarão a vida inteira em cativeiro, sem jamais experimentar o ambiente natural para o qual teoricamente estão sendo “salvos”. O nascimento dos filhotes de lobo-guará, no Zoológico de Brasília, também foi visto como uma vitória, mas está atrelado a um estabelecimento envolvido em várias polêmicas relacionadas ao bem-estar e à qualidade de vida dos animais.
A popularidade dos zoológicos continua alta, mas é essencial que o público reflita sobre o verdadeiro papel dessas instituições na conservação animal. A reprodução em cativeiro, sem uma estratégia clara de reintrodução, tem sérias limitações para a conservação das espécies em vida livre. Em vez disso, pode perpetuar um ciclo fechado de cativeiro, onde os animais nascem, vivem e morrem sem jamais experimentar a liberdade natural.
Por isso, ao visitar um zoológico, é importante questionar o destino dos filhotes que nascem ali e considerar se essas práticas realmente contribuem para a conservação das espécies em vida livre ou se estão apenas perpetuando um sistema de confinamento e exibição de animais. A verdadeira conservação exige mais do que apenas manter espécies em vitrines; requer esforços direcionados para proteger e restaurar os habitats naturais onde esses animais verdadeiramente pertencem.
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Thayara Nadal, médica-veterinária no projeto Vida Silvestre, Vida Livre do Fórum Animal.
Zoo do CIGs, situado em Manaus, abriga mais de 1.000 animais amazônicos. Será que o Brasil precisa realmente disso?
O Zoológico do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), localizado em Manaus, é um dos maiores do Brasil e abriga mais de mil animais de diversas espécies amazônicas. Recentemente, o zoológico ganhou destaque na mídia devido a uma parceria firmada entre o Exército Brasileiro e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que visa a melhoria das condições de infraestrutura do zoológico, a atualização das áreas de visitação e exibição dos animais, além de aprimorar as instalações para garantir o bem-estar dos animais e a experiência dos visitantes.
Mas por quê manter espécies exóticas em cativeiro?
O Zoológico do CIGS justifica sua existência com diversos argumentos. Primeiro, pelo resgate de animais tráfico ilegal de fauna. Animais que não podem ser devolvidos ao seu habitat natural devido a ferimentos ou outras condições encontram no zoológico um lugar monitorado onde podem viver com cuidados adequados. Outro motivo é a “função educativa” do zoológico. Além disso, o zoológico realiza pesquisas científicas que contribuem para o entendimento das espécies amazônicas, com a justificativa de que o estudo em ambiente controlado permite com que a ciência aprenda mais sobre seus comportamentos, necessidades e ameaças, para ajudar na criação de estratégias de conservação mais eficazes.
Quais os desafios e os impactos do cativeiro?
Apesar das justificativas, a manutenção de animais em cativeiro levanta questões éticas e práticas. Esta situação, mesmo em ambientes que tentam replicar o habitat natural, gera um sofrimento nos animais devido a falta de espaço e estímulos, o que pode levar a estresse, depressão e comportamentos anormais, como movimentos repetitivos ou automutilação. Essas condições levantam dúvidas sobre a real necessidade de manter animais em zoológicos.
Enquanto o CIGS pode argumentar que oferece proteção a esses animais, é importante considerar se o cativeiro realmente promove o bem-estar dessas espécies ou se existem alternativas melhores, como projetos de conservação em áreas protegidas ou reservas naturais, onde os animais possam viver em liberdade. Além disso, há a questão da efetividade dos zoológicos na conservação. Em muitos casos, a reprodução de animais em cativeiro não contribui para o aumento das populações selvagens, já que muitos dos indivíduos nascidos em zoológicos não podem ser reintroduzidos na natureza. Isso levanta a questão se os recursos destinados a zoológicos poderiam ser melhor empregados em iniciativas de preservação direta nos habitats naturais dessas espécies.
O Brasil realmente precisa de Zoológicos como o do CIGS?
A resposta a essa pergunta é complexa. Zoológicos como o do CIGs podem desempenhar papéis importantes em resgate, educação e pesquisa, mas os desafios e impactos do cativeiro sobre o bem-estar animal e a conservação precisam ser cuidadosamente considerados. Em um mundo onde as tecnologias e abordagens de conservação avançaram, é válido questionar se os zoológicos ainda são a melhor forma de proteger a fauna brasileira.
Enquanto o Zoológico do CIGS continua a oferecer abrigo a centenas de animais amazônicos, é essencial que essa prática seja constantemente reavaliada à luz dos avanços científicos e éticos. A preservação da biodiversidade brasileira é uma prioridade, mas devemos sempre buscar as formas que priorizem a qualidade de vida e o bem-estar dos animais envolvidos.
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Thayara Nadal, médica-veterinária no projeto Vida Silvestre, Vida Livre do Fórum Animal.
Alerte sua cidade sobre o desaparecimento da fauna silvestre
Zoológicos seguem em pauta
Olá pessoal! Os zoológicos têm ganhado cada vez mais destaque na mídia. Vamos compartilhar três notícias significativas sobre esse tema que ocorreram nas últimas semanas no Brasil e no mundo.
1. Zoo de Brasília cancela festa de arraial
Após uma ação civil movida em junho deste ano por um conjunto de organizações de proteção animal, dentre elas o Fórum Animal, o Zoológico de Brasília voltou atrás e cancelou a festa de Arraial que estava planejada. No entanto, a colônia de férias que também estava sendo planejada para acontecer no local, foi mantida. Esse episódio destaca como a pressão pública e as ações legais podem funcionar para que as atividades dos zoológicos sejam cada vez mais analisadas criticamente para priorizar o bem-estar dos animais e não o mero entretenimento humano.
2. Beto Carrero World Fecha Zoológico, mas sem transparência
Depois de 32 anos, o Beto Carrero World, um dos maiores parques temáticos da América Latina, anunciou o fechamento do seu zoológico em junho deste ano. Mais de mil indivíduos de cerca de 200 espécies foram realocados para outro lugar que não foi comunicado pela empresa até o momento da redação deste texto. A principal pergunta é: para onde foram os animais? Essa decisão marca o fim de uma era de exploração animal, mas levanta sérias questões sobre o futuro dos animais que antes viviam no parque.
3. Costa Rica fecha seus últimos zoológicos públicos
Em uma decisão histórica divulgada pela BBC Brasil no dia 26 de maio de 2024, a Costa Rica fechou seus dois últimos zoológicos públicos. Baseada em uma lei de 2013 que visa a conservação da vida silvestre, a medida justifica a manutenção de animais em cativeiro apenas se eles não puderem ser reintroduzidos na natureza. Com o fechamento, 300 animais foram transferidos para os Centros de Triagem de Animais Silvestres, onde será decidido se irão para santuários ou se serão reintroduzidos na natureza.
Os zoológicos privados continuarão abertos, mas essa notícia destaca a importância de termos leis e governantes comprometidos com a discussão sobre animais em cativeiro. O pioneirismo da Costa Rica é um exemplo para outros países, inclusive o nosso. Precisamos de um debate aberto para entender que a vida selvagem deve estar livre, a menos que isso não seja possível, e precisamos que o poder público não corrobore com a exploração animal e não incentive que os animais sejam vistos como uma forma de entretenimento.
Vamos juntos repensar o papel dos zoológicos públicos e a proteção da nossa fauna silvestre. Deixe sua opinião sobre a função dos zoológicos respondendo nossa consulta pública aqui: (silvestrelivre.org.br/consulta).
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Gostou da atualização? Deixe seu comentário e compartilhe suas opiniões sobre essas mudanças importantes.
Até a próxima!
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Thayara Nadal, médica-veterinária no projeto Vida Silvestre, Vida Livre do Fórum Animal.