Cinco sinais de que emergência climática já compromete a fauna silvestre

Com a aproximação da COP 2025, a comunidade global se prepara para discutir os efeitos das mudanças climáticas sobre o planeta. Enquanto as discussões sobre energia limpa, emissões de carbono e justiça social ganham destaque, é crucial que os impactos das alterações climáticas nos ecossistemas e na fauna silvestre também ocupem um lugar central. Animais silvestres, de insetos a mamíferos, já enfrentam mudanças drásticas em seus hábitos e habitats. Este texto explora cinco maneiras pelas quais a emergência climática está afetando diretamente essas espécies, para que seja destacada a gravidade da situação.

  1. Mudança de hábitos

O aumento das temperaturas e as alterações nos padrões de chuvas forçam muitas espécies a modificar seus comportamentos para sobreviver. Aves migratórias, por exemplo, estão ajustando suas rotas e períodos de migração, o que interfere diretamente nos ciclos de reprodução e alimentação. Mamíferos como o urso-pardo saem da hibernação mais cedo, enfrentando escassez de alimentos. No interior de São Paulo, a Associação Mata Ciliar acolhe animais silvestres que buscam recursos nas cidades ou que estão fugindo de queimadas, um claro exemplo de como as mudanças nos hábitos naturais desses animais estão ligadas a desastres ambientais provocados pela crise climática.

  1. Mudança de temperatura

A elevação das temperaturas globais é sentida em diversos ecossistemas. No Pantanal, uma seca severa combinada com altas temperaturas levou muitos animais a ficarem atolados na lama e a buscarem desesperadamente por água e alimento em um cenário que ficou conhecido como “fome cinzenta” . Esta mudança nas condições ambientais causa uma enorme pressão sobre espécies como a onça-pintada e o cervo-do-pantanal, que enfrentam a destruição de seu habitat natural. Em contrapartida, na Patagônia, o inverno mais rigoroso em décadas está levando animais ao congelamento, um fenômeno extremo que também é atribuído às mudanças climáticas.

  1. Alterações nas populações de insetos

Insetos desempenham papéis fundamentais, como polinização e decomposição, mas estão sendo severamente afetados pelo clima em transformação. A diminuição populacional de abelhas, por exemplo, está diretamente relacionada à perda de plantas polinizadoras e às variações de temperatura. Outro caso alarmante é o comportamento de insetos associados a culturas agrícolas, como gafanhotos, que, devido às mudanças climáticas, têm crescido em população e se espalhado para novas regiões, impactando tanto a agricultura quanto os ecossistemas naturais .

  1. Perda de habitat costeiro

Animais que dependem de habitats costeiros, como aves marinhas e tartarugas, enfrentam o encolhimento de suas áreas de reprodução devido à elevação do nível do mar e à erosão costeira. No Brasil, os Centros de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) e projetos de organizações não governamentais desempenham um papel essencial na resposta a emergências ambientais causadas por desastres climáticos, como o resgate e a recuperação de espécies impactadas pelo aumento do nível dos oceanos .  

  1. Aumento de desastres ambientais

Desastres ambientais exacerbados pelas mudanças climáticas, como incêndios e secas, estão se tornando mais frequentes e intensos. No Pantanal, as queimadas constantes têm causado perdas irreparáveis à biodiversidade , e a seca extrema continua ameaçando espécies que dependem dos corpos d’água para sobreviver. Além disso, em diversas regiões do Brasil, como na Amazônia, os incêndios florestais têm devastado populações de primatas e aves, ressaltando a necessidade de uma resposta mais robusta e urgente aos desastres ambientais .

A crise climática já está transformando a natureza de forma drástica, e seus efeitos só devem se intensificar nos próximos anos. A COP 2025, em especial o Brasil, precisa colocar a biodiversidade no centro das discussões, reconhecendo que as mudanças climáticas impactam profundamente as espécies que compartilham o planeta conosco. A proteção dos habitats e a adaptação das espécies a esse novo cenário emergencial são cruciais para garantir o equilíbrio dos ecossistemas e a sobrevivência de muitas espécies.

Fontes

  1. Associação Mata Ciliar acolhe animais vítimas das queimadas no interior paulista. Mídia Ninja. Disponível em: https://midianinja.org/associacao-mata-ciliar-acolhe-animais-vitimas-das-queimadas-no-interior-paulista/  
  2. Pantanal em emergência: animais ficam atolados na lama e procuram por água durante seca severa. G1. Disponível em: https://g1.globo.com/google/amp/mt/mato-grosso/noticia/2024/08/08/pantanal-em-emergencia-animais-ficam-atolados-na-lama-e-procuram-por-agua-durante-seca-severa-veja-video.ghtml 
  3. Patagônia enfrenta inverno mais rigoroso das últimas décadas. CNN Brasil. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/patagonia-enfrenta-inverno-mais-rigoroso-das-ultimas-decadas/ 
  4. A importância dos CETAS na resposta a emergências climáticas. Fauna News. Disponível em: https://faunanews.com.br/a-importancia-dos-cetas-na-resposta-a-emergencias-climaticas/ 
  5. Biodiversidade do Brasil ameaçada por mudanças climáticas. Conexão UFRJ. Disponível em: https://conexao.ufrj.br/2023/12/biodiversidade-do-brasil-ameacada-por-mudancas-climaticas/ 
  6. Vídeo: frio intenso com temperaturas de -20°C deixa animais congelados na Patagônia. Jornal de Pomerode. Disponível em: https://www.jornaldepomerode.com.br/video-frio-intenso-com-temperaturas-de-20c-deixa-animais-congelados-na-patagonia/ 

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Thayara Nadal, Médica Veterinária no projeto Vida Silvestre, Vida livre do Fórum Animal.

O futuro do elefante Sandro: mais de dois anos de batalha por uma melhor qualidade de vida

O elefante Sandro, que vive no Zoológico Quinzinho de Barros, em Sorocaba, São Paulo, tornou-se o centro de um intenso debate sobre a ética e o bem-estar de animais mantidos em cativeiro. Sandro está no zoológico há cerca de 40 anos, após ter sido retirado de um circo. Com a morte de sua companheira, a elefanta Haisa, em 2020, aumentaram as preocupações sobre seu bem-estar emocional e psicológico.

Atualmente, uma petição no Change.org clama pela transferência de Sandro para o Santuário de Elefantes Brasil (SEB), na Chapada dos Guimarães, Mato Grosso. O SEB oferece muito mais  espaço e oportunidades de socialização com outros elefantes, algo impossível no zoológico onde Sandro vive. Essa campanha é apoiada pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que já solicitou judicialmente a transferência do elefante, citando os riscos de isolamento e sofrimento psicológico.

No entanto, a Prefeitura de Sorocaba defende a permanência de Sandro no zoológico, argumentando que uma transferência poderia ser arriscada para a saúde do elefante, especialmente considerando sua idade avançada. Em abril de 2022, a Justiça negou a liminar para a transferência imediata, alegando que não havia provas suficientes de maus-tratos e que a mudança poderia causar mais danos do que benefícios para Sandro.

A problemática de manter animais silvestres, como elefantes, em cativeiro por longos períodos é complexa e preocupante. Elefantes são animais extremamente inteligentes, com grandes necessidades sociais e físicas. Em ambientes artificiais como zoológicos, eles frequentemente sofrem de estresse, depressão e problemas físicos como artrite, devido à falta de espaço e estímulo adequado. Esses fatores podem levar a uma expectativa de vida reduzida e comportamentos anômalos, como o balançar da cabeça, que indicam sofrimento psicológico.

Santuários, como o SEB, surgem como uma solução mais ética para animais que passaram grande parte de suas vidas em cativeiro. Nesses locais, os elefantes podem viver em condições menos artificiais, com um pouco mais de liberdade para se mover e interagir com outros elefantes, o que pode melhorar sua qualidade de vida. Esses santuários podem ser administrados por especialistas em cuidados de animais silvestres, garantindo que eles recebam a atenção necessária. Entretanto, é importante estar atento ao fato de que, no Brasil, ainda não há regulamentação específica para santuários. Isso significa que a qualidade dos cuidados e as condições oferecidas podem variar significativamente entre diferentes instituições. A ausência de regulamentação implica que, em alguns casos, os santuários podem não fornecer o ambiente ideal para os animais, apesar de serem uma alternativa ao cativeiro em zoológicos.

A mobilização em torno de Sandro não é apenas sobre o destino de um único elefante, mas também sobre a necessidade urgente de repensar o papel dos zoológicos e a maneira como tratamos animais silvestres que vivem em situação de cativeiro.

Apoie a transferência de Sandro para o Santuário de Elefantes Brasil! Assine a petição no Change.org e contribua para garantir um futuro mais digno e ético para ele.

#silvrestrelivre #exploracaoanimal #zoologicos #cativeiro #bemestaranimal

Thayara Nadal, médica-veterinária no projeto Vida Silvestre, Vida Livre do Fórum Animal.

Lembrar para nunca mais repetir: o Zoo da Argentina que permitia visitantes dentro de jaulas foi fechado em 2020

Lembrar para nunca mais repetir: o Zoo da Argentina que permitia visitantes dentro de jaulas foi fechado em 2020. 

A história dos zoológicos na Argentina, especialmente do controverso Zoo de Luján, reflete uma fase preocupante na relação entre humanos e animais. Durante muitos anos, o Zoo de Luján, localizado nos arredores de Buenos Aires, atraiu turistas com uma proposta inusitada e polêmica: permitir que os visitantes entrassem nas jaulas e interagissem diretamente com leões, tigres e outros grandes felinos. O que para muitos parecia uma experiência única e emocionante, escondia práticas éticas questionáveis e riscos significativos tanto para os animais quanto para os visitantes.

A História do Zoo de Luján

Fundado em 1994, o Zoo de Luján se tornou rapidamente famoso pela possibilidade de interação direta com animais selvagens, algo que raramente se vê em zoológicos convencionais. A promessa de poder acariciar um leão ou alimentar um tigre atraiu milhares de visitantes ao longo dos anos. Contudo, as condições que permitiam esse tipo de interação começaram a levantar suspeitas entre defensores dos direitos dos animais e especialistas em bem-estar animal.

Desde o início, o zoo enfrentou críticas severas sobre a maneira como mantinha e tratava seus animais. As acusações de que os felinos eram dopados para garantir a segurança dos visitantes eram constantes, mas foram frequentemente negadas pelos responsáveis pelo zoo. Contudo, investigações subsequentes mostraram que havia, de fato, práticas que comprometiam gravemente o bem-estar dos animais.

O Fechamento em 2020 e Seus Motivos

Em 2020, após anos de pressão de organizações de proteção animal, o governo argentino decidiu finalmente fechar as portas do Zoo de Luján. A decisão veio na esteira de inúmeras denúncias e de uma crescente conscientização pública sobre os malefícios de tais práticas. As autoridades responsáveis pela fiscalização do bem-estar animal concluíram que o zoo não estava cumprindo os padrões mínimos necessários para a manutenção dos animais e que a prática de dopar os felinos para interações com os visitantes era inaceitável.

Entretanto, mesmo após o fechamento oficial, o zoo continua a operar ilegalmente e mantém animais em suas instalações, apesar de a visitação pública estar proibida. Essa situação preocupa ativistas e especialistas, que questionam a real efetividade das medidas tomadas pelas autoridades e o destino dos animais que ainda permanecem no local.

Os Riscos e a Problemática da Interação Direta

A prática de permitir que o público interagisse diretamente com grandes felinos sempre foi extremamente arriscada. Além dos danos físicos e psicológicos causados aos animais, o perigo para os visitantes era real e iminente. Além disso, a superpopulação de animais nos zoológicos, como foi o caso da Argentina, cria um ambiente insustentável, tanto para os animais que vivem confinados e em condições ruins quanto para a administração do espaço, que já não é o ideal. A recente decisão de enviar 60 felinos para um santuário na Índia é um reflexo das consequências de anos de negligência e má administração.

Lembrar para Nunca Mais se Repetir

A história do Zoo de Luján é um lembrete doloroso de como a busca pelo entretenimento pode levar à exploração e ao sofrimento dos animais. É de extrema importância que essa história não se repita. O fechamento do Zoo de Luján deve servir como um exemplo para o mundo de que práticas cruéis e antiéticas não têm lugar em uma sociedade que deve respeitar todas as formas de vida.

Lembrar desse episódio é essencial para garantir que futuras gerações entendam a importância de tratar os animais com dignidade e respeito. O turismo que explora o sofrimento animal não pode e não deve ser tolerado. Que a história do Zoo de Luján fique marcada na memória coletiva como um erro que não deve ser repetido.

#silvrestrelivre #exploracaoanimal #bemestaranimal

Thayara Nadal, médica-veterinária no projeto Vida Silvestre, Vida Livre do Fórum Animal.

A história dos zoológicos na Argentina, especialmente do controverso Zoo de Luján, reflete uma fase preocupante na relação entre humanos e animais. Durante muitos anos, o Zoo de Luján, localizado nos arredores de Buenos Aires, atraiu turistas com uma proposta inusitada e polêmica: permitir que os visitantes entrassem nas jaulas e interagissem diretamente com leões, tigres e outros grandes felinos. O que para muitos parecia uma experiência única e emocionante, escondia práticas éticas questionáveis e riscos significativos tanto para os animais quanto para os visitantes.

A História do Zoo de Luján

Fundado em 1994, o Zoo de Luján se tornou rapidamente famoso pela possibilidade de interação direta com animais selvagens, algo que raramente se vê em zoológicos convencionais. A promessa de poder acariciar um leão ou alimentar um tigre atraiu milhares de visitantes ao longo dos anos. Contudo, as condições que permitiam esse tipo de interação começaram a levantar suspeitas entre defensores dos direitos dos animais e especialistas em bem-estar animal.

Desde o início, o zoo enfrentou críticas severas sobre a maneira como mantinha e tratava seus animais. As acusações de que os felinos eram dopados para garantir a segurança dos visitantes eram constantes, mas foram frequentemente negadas pelos responsáveis pelo zoo. Contudo, investigações subsequentes mostraram que havia, de fato, práticas que comprometiam gravemente o bem-estar dos animais.

O Fechamento em 2020 e Seus Motivos

Em 2020, após anos de pressão de organizações de proteção animal, o governo argentino decidiu finalmente fechar as portas do Zoo de Luján. A decisão veio na esteira de inúmeras denúncias e de uma crescente conscientização pública sobre os malefícios de tais práticas. As autoridades responsáveis pela fiscalização do bem-estar animal concluíram que o zoo não estava cumprindo os padrões mínimos necessários para a manutenção dos animais e que a prática de dopar os felinos para interações com os visitantes era inaceitável.

Entretanto, mesmo após o fechamento oficial, o zoo continua a operar ilegalmente e mantém animais em suas instalações, apesar de a visitação pública estar proibida. Essa situação preocupa ativistas e especialistas, que questionam a real efetividade das medidas tomadas pelas autoridades e o destino dos animais que ainda permanecem no local.

Os Riscos e a Problemática da Interação Direta

A prática de permitir que o público interagisse diretamente com grandes felinos sempre foi extremamente arriscada. Além dos danos físicos e psicológicos causados aos animais, o perigo para os visitantes era real e iminente. Além disso, a superpopulação de animais nos zoológicos, como foi o caso da Argentina, cria um ambiente insustentável, tanto para os animais que vivem confinados e em condições ruins quanto para a administração do espaço, que já não é o ideal. A recente decisão de enviar 60 felinos para um santuário na Índia é um reflexo das consequências de anos de negligência e má administração.

Lembrar para Nunca Mais se Repetir

A história do Zoo de Luján é um lembrete doloroso de como a busca pelo entretenimento pode levar à exploração e ao sofrimento dos animais. É de extrema importância que essa história não se repita. O fechamento do Zoo de Luján deve servir como um exemplo para o mundo de que práticas cruéis e antiéticas não têm lugar em uma sociedade que deve respeitar todas as formas de vida.

Lembrar desse episódio é essencial para garantir que futuras gerações entendam a importância de tratar os animais com dignidade e respeito. O turismo que explora o sofrimento animal não pode e não deve ser tolerado. Que a história do Zoo de Luján fique marcada na memória coletiva como um erro que não deve ser repetido.

#silvrestrelivre #exploracaoanimal #bemestaranimal

Thayara Nadal, médica-veterinária no projeto Vida Silvestre, Vida Livre do Fórum Animal.

Vida nas cidades e a dessensibilização sobre o que ameaça a fauna silvestre

Os animais estão desaparecendo diante dos nossos olhos e, muitas vezes, nem nos damos conta. Estamos tão desestabilizados pela vida nas cidades que esquecemos da existência deles e precisamos cada vez mais de “lembretes” de que estão à beira da extinção. O lobo-guará, a perereca-de-alcatraz e o bugio-ruivo são apenas alguns desses animais em risco. 

Os animais silvestres estão desaparecendo não por um acaso, mas por um conjunto de fatores que envolvem diretamente nossas atividades cotidianas. A expansão urbana, a agricultura intensiva, o comércio de animais silvestres como pets, a caça e os atropelamentos são apenas algumas das ameaças que têm levado espécies inteiras ao declínio. O lobo-guará, que vive principalmente no Cerrado, perde seu habitat a cada nova plantação de soja ou a cada quilômetro de asfalto que construímos. A perereca-de-alcatraz, endêmica da Ilha de Alcatrazes, em São Paulo, vê sua sobrevivência ameaçada pela destruição do habitat e pelas mudanças climáticas. Já o bugio-ruivo sofre com a perda das florestas tropicais e subtropicais, essenciais para a sua sobrevivência.

Vivendo nas cidades, muitas vezes nos distanciamos da realidade do mundo natural. Buscamos conexão com a natureza visitando zoológicos, mas esquecemos que esses lugares, apesar de educativos, também exploram animais. A verdadeira conexão deveria vir do respeito e da preservação dos habitats naturais, não da observação de animais confinados.

A vida na cidade nos aliena das consequências das nossas ações. Muitos de nós não sabemos o que pode impactar negativamente a fauna silvestre e, com isso, continuamos a contribuir para sua extinção. Desconhecemos que a compra de um terreno para construção pode significar a destruição do lar de inúmeras espécies. Ou que o consumo de certos produtos pode estar ligado ao desmatamento de áreas críticas para a biodiversidade.

Portanto, é fundamental refletirmos sobre nossa responsabilidade. Cada um de nós tem um papel a desempenhar na proteção da vida silvestre. Pequenas ações, como a escolha de produtos sustentáveis, a redução do consumo de carne, a pressão por políticas públicas de conservação e a conscientização sobre as espécies ameaçadas, podem fazer uma grande diferença.

As imagens que acompanham este texto representam nosso exercício de imaginar as cidades onde há um alerta constante para a ameaça à vida silvestre. Se você quiser levar esse alerta para sua cidade também, visite o link na bio para baixar os cartazes.

Vamos agir antes que seja tarde demais, pois a preservação da natureza depende de nossas escolhas e ações diárias. A responsabilidade é de todos nós.

#silvrestrelivre #exploracaoanimal #bemestaranimal

Thayara Nadal, médica-veterinária no projeto Vida Silvestre, Vida Livre do Fórum Animal.

O Fogo retorna ao Pantanal e intensifica as ameaças aos animais silvestres

Em 2024, o Pantanal enfrenta uma das piores crises de incêndios de sua história, com chamas devastando uma área seis vezes maior que a cidade do Rio de Janeiro. O primeiro semestre deste ano já é considerado o mais crítico em termos de queimadas desde o início das medições históricas. 

Localizado no coração da América do Sul, abrangendo partes do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o Pantanal é um dos biomas mais ricos em biodiversidade do planeta, mas agora está sob chamas que consomem sua vegetação e ameaçam sua fauna única.

As causas dos incêndios são múltiplas, embora previsíveis e passíveis de prevenção. A combinação de uma das piores secas da história, com a vegetação extremamente seca e a ação humana, principalmente através de queimadas descontroladas, cria um cenário propício para a propagação rápida e incontrolável do fogo. Estudos recentes indicam que as mudanças climáticas têm exacerbado as condições de seca, tornando o Pantanal ainda mais vulnerável a incêndios.

O impacto sobre a vida silvestre é devastador. Animais que habitam o Pantanal, como onças-pintadas, araras-azuis, jacarés e capivaras, enfrentam a destruição de seus habitats. Muitos não conseguem fugir a tempo e acabam morrendo nas chamas. Aqueles que sobrevivem, frequentemente sofrem queimaduras graves, desidratação e fome. As queimadas não só matam diretamente os animais, mas também ameaçam espécies inteiras de extinção local ao destruir seus lares e fontes de alimento.

O destino dos animais sobreviventes é muitas vezes trágico. Sem um habitat seguro para retornar, eles vagam pelas áreas queimadas em busca de abrigo e alimento. Centros de reabilitação, como o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), estão em alerta máximo, prontos para receber e tratar os animais vítimas do fogo. Esses centros oferecem cuidados essenciais, como tratamento para queimaduras e reabilitação alimentar, mas a capacidade de lidar com o grande número de animais afetados é limitada.

Como exemplo fantástico de ações para cuidar dos animais que têm sido vítimas recorrentes dos incêndios no Pantanal, indicamos o projeto “Órfãos do Fogo” do Instituto Tamanduá (@institutotamandua). Esse projeto começou a partir dos grandes incêndios no Pantanal em 2020 com o objetivo de cuidar, reabilitar e devolver para a natureza filhotes órfãos de tamanduá-bandeira, vítimas da catástrofe.

O fogo no Pantanal em 2024 não só representa uma catástrofe ambiental, mas também um grito de alerta sobre a necessidade urgente de medidas de proteção e prevenção mais eficazes. Sem ações imediatas e contínuas, o futuro deste ecossistema vital e de suas espécies únicas permanece incerto.

#Pantanal2024 #IncêndiosNoPantanal #VidaSilvestre #ProteçãoAmbiental #SalvarOPantanal

Thayara Nadal, médica veterinária no projeto Vida Silvestre, Vida Livre do Fórum Animal.

Zoológicos: da AZAB ao caso Beto Carrero

A temática dos zoológicos requer muito debate e, por isso, temos tratado desse tema com atenção no âmbito de nossa frente Vida Silvestre, Vida Livre. Com a intenção de ampliarmos nosso olhar e entendermos como os zoológicos têm sido debatidos institucionalmente, estivemos presentes como ouvintes no 47º Congresso da Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB), que aconteceu no período de 18 a 22 de junho e teve inscrições abertas a qualquer pessoa interessada.

O objetivo da nossa participação foi identificar as atualizações da AZAB sobre a sua atuação e identificar pontos de atenção visando a melhoria de vida dos animais que estão em cativeiro e o fim da exploração animal para entretenimento humano. Em outras palavras, é fundamental entendermos com clareza os motivos pelos quais diversas espécies de animais são mantidas em cativeiro expostas à visitação pública.

Nossas principais conclusões:

  1. Conexão entre Zoológicos, IBAMA e ONGs: há uma demanda urgente de melhorar a colaboração entre zoológicos, o IBAMA e ONGs. Essa conexão ainda é precária ou inexistente, embora seja essencial para garantir práticas eficientes de conservação e bem-estar animal. 
  2. Debates aprofundados sobre a função dos zoológicos: é dever dos zoológicos explicarem suas funções com transparência à sociedade. Isso é essencial e urgente para que haja condição de debate sobre o que os zoológicos estão propondo como ações de conservação, educação ambiental e conexão com a natureza.
  3. Melhores métricas dos resultados relacionados à conservação de espécies: muitos zoológicos ainda não mensuram como suas atividades contribuem para a preservação de espécies em risco de extinção. Isso deveria ser condição mínima para que essa função se justifique. 
  4. Gestões pouco focadas no interesse do animal: o discurso de reformulação dos zoológicos está muito distante dos interesses dos animais enquanto indivíduos sencientes e que merecem dignidade. Essa dignidade não será plenamente alcançada enquanto os animais forem objetos de entretenimento humano, seja qual for a justificativa final.

Consideramos importante trazer este tema à tona justamente porque queremos aprofundar a discussão sobre o papel dos zoológicos na sociedade. Este é um assunto complexo que precisa ser debatido amplamente para encontrarmos soluções que beneficiem os animais, a conservação das espécies e uma educação ambiental libertadora e antiespecista.

Essa é uma preocupação global que foi inclusive destaque em uma carta publicada na revista Nature em abril deste ano. A carta foi escrita pelo biólogo inglês Donald Broom e mais dois colaboradores. Os autores destacam que os zoológicos precisam ser mais honestos sobre seu papel de entretenimento e trabalhar melhor a afinidade das pessoas pelos animais para promover ações sustentáveis de bem-estar animal. Broom é professor emérito da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, e é considerado a principal referência no estudo e pesquisa sobre bem-estar animal no mundo. 

Já no Brasil, essa semana foi divulgado que o Zoológico do conhecido parque temático Beto Carrero World fechou as portas. A justificativa dada pela empresa é que os shows, brinquedos e atrações do parque já não “combinam” mais com a manutenção dos animais para exposição pública. Embora a justificativa possa ser bem mais complexa que essa, esse posicionamento demonstra que já não faz mais sentido explorar animais para mero entretenimento humano e que empreendimentos que fazem isso precisam mudar. Por decisão da empresa, o novo destino dos animais ainda não foi esclarecido. Diante disso, fica a expectativa de que esses animais não sejam novamente submetidos ao entretenimento humano.

Se você se interessa por esse tema e ainda não nos contou seu ponto de vista, participe de nossa pesquisa de opinião pública “Qual o sentido dos zoológicos para você?”, disponível em: https://silvestrelivre.org.br/consulta/

Leia na íntegra a carta na revista Nature:

https://www.nature.com/articles/d41586-024-01269-0

Thayara Nadal, médica veterinária no projeto Vida Silvestre, Vida Livre do Fórum Animal.

Congresso Nacional, vamos refletir sobre a proteção da nossa fauna!

A caça de animais silvestres representa uma grave problemática ambiental e ética, comprometendo a biodiversidade e o equilíbrio dos ecossistemas. Ao permitir a caça, colocamos em risco espécies já ameaçadas e interferimos nas cadeias alimentares naturais, o que pode levar à proliferação descontrolada de certas espécies e ao declínio de outras. Além disso, a caça promove a violência contra a fauna, desrespeitando o direito dos animais à vida e ao bem-estar.

A caça indiscriminada de espécies como o javali, a ararinha-azul, a onça-pintada, a ariranha e o cervo do Pantanal representa um grave ponto de atenção no país. Esses animais, cada um com seu papel crucial nos ecossistemas, enfrentam a ameaçda a vida devido à pressão da caça, seja para comércio ilegal, consumo de carne ou simplesmente por esportes. Por exemplo, a ararinha-azul já foi considerada extinta na natureza, restando apenas indivíduos em cativeiro. A onça-pintada, topo da cadeia alimentar, regula populações de outras espécies e mantém o equilíbrio ecológico, mas está cada vez mais vulnerável devido à perda de habitat e à caça. Similarmente, a ariranha, essencial para o controle de peixes e outros animais aquáticos, e o cervo do Pantanal, que contribui para a dispersão de sementes e manutenção da vegetação, estão sofrendo declínios significativos em suas populações. A caça desses animais não só ameaça sua sobrevivência, mas também compromete a saúde dos ecossistemas onde vivem, causando um efeito cascata que pode levar ao colapso de diversas outras espécies interdependentes.

A mobilização de entidades civis é fundamental para combater a caça de animais silvestres e proteger a biodiversidade. A coalizão Todos Contra a Caça (@todoscontracaca), exemplifica como a organização coletiva pode amplificar os esforços em prol dos animais. O objetivo dessa coalizão é unir forças para influenciar políticas públicas, focando especialmente nos Projetos de Lei (PLs) que regulamentam a caça no Brasil. 

Trabalhar em coalizão é crucial para abordar questões sensíveis relacionadas à nossa biodiversidade, pois permite uma ação mais coordenada e eficaz, potencializando a pressão sobre os legisladores e a conscientização da sociedade. O Fórum Animal, uma das entidades que integra essa aliança, reforça a importância de uma frente unida e diversa, englobando várias perspectivas e expertises, para enfrentar a complexa problemática da caça e garantir a proteção dos nossos ecossistemas.

Diversos Projetos de Lei estão propondo a liberação da caça de animais silvestres. Será que esse é o caminho certo para o Brasil? 🐒🌿

Listamos alguns deles para mantermos atenção à sua movimentação:

📜 PL 3384/2021 – Autoriza o abate de indivíduos de espécies  invasoras, mas precisamos garantir critérios claros e justos para isso. 🤔

📜 PL 5544/2020 – Libera a caça esportiva. Devemos entender que essa prática é realizada pelo entretenimento humano e quais são as justificativas para considerá-la um esporte. 🎯

📜 PL 968/2022 – Facilita o abate de animais silvestres sob a justificativa de controle populacional. A conservação e a vida animal não deveria ser a prioridade? 👨‍🔬

📜 PL 6268/2016 – Regula a caça como atividade comercial e esportiva. Será que é isso que queremos para nosso futuro ambiental? 🌍

A sociedade pode acompanhar o andamento dos Projetos de Lei que impactam a caça e a proteção ambiental por meio dos sites oficiais da Câmara dos Deputados (www.camara.leg.br) e do Senado Federal (www 25.senado.leg.br). Nestes portais, é possível acessar informações detalhadas sobre cada projeto, incluindo seu status, tramitação e documentos relacionados. Fazemos um apelo ao Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (@arthurliranet), e ao Presidente do Senado Nacional, Rodrigo Pacheco (@rodrigopacheco), para que arquivem os Projetos de Lei que ameaçam os animais e a natureza, e para que tomem decisões conscientes em favor da preservação ambiental. Convidamos a todos para que se juntem a essa causa, solicitando diretamente aos presidentes das casas legislativas que priorizem a proteção da nossa biodiversidade e ajam de maneira responsável e ética em relação ao futuro do nosso planeta.

Precisamos buscar alternativas sustentáveis e estratégias de conservação que protejam nossos recursos naturais e garantam a coexistência harmoniosa entre seres humanos e a natureza.

🌿 Vamos juntos preservar a nossa biodiversidade e buscar soluções sustentáveis para a convivência entre seres humanos e os animais.

#ProtejaAFauna #VidaSilvestre #ConservaçãoAmbiental #Biodiversidade #CuidarÉPreciso #Sustentabilidade

Thayara Nadal, médica veterinária no projeto Vida Silvestre, Vida Livre do Fórum Animal. 

O Papel do Maio Amarelo na Preservação da Fauna Silvestres

O Maio Amarelo surge como um movimento essencial de conscientização para a prevenção de acidentes de trânsito, uma campanha global que busca promover a segurança viária e reduzir o número de incidentes nas estradas. Mas, além dos perigos enfrentados pelos seres humanos, essa iniciativa também lança luz sobre uma realidade muitas vezes negligenciada: o atropelamento de animais silvestres. Segundo dados do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), os atropelamentos em rodovias representam uma importante causa de morte de animais silvestres no Brasil.

A relevância de discutir esse tema é notável, como ressalta a Diretora Técnica do Fórum Animal, Vania Plaza Nunes. Ela destaca que muitos atropelamentos, principalmente em vias secundárias próximas a áreas naturais, ocorrem devido ao desrespeito aos limites de velocidade, enquanto em outros casos, animais são deliberadamente atropelados por falta de empatia ou compreensão de sua importância para o ecossistema.

A área de pesquisa e estudos chamada ecologia de transporte nos mostra como as estradas fragmentam habitats e criam barreiras para a locomoção segura dos animais, levando a consequências devastadoras para as populações silvestres. Corredores ecológicos podem ser soluções que visam mitigar esses impactos, criando conexões entre áreas naturais e permitindo a livre circulação das espécies, reduzindo assim os riscos de atropelamentos.

Para enfrentar esse problema de forma eficaz, é fundamental que políticas públicas e ações educativas sejam implementadas. Alguns exemplos são o destaque no Estado do Amazonas pela deputada Joana D’arc que destaca a importância da campanha do Maio Amarelo no combate ao atropelamento de animais, ressaltando a necessidade de conscientização e respeito às leis de trânsito. Outros exemplos são projetos, como o realizado pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que promovem a conscientização contra o atropelamento de animais no campus, e a ação educativa realizada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) na rodovia Rio-Teresópolis são exemplos de iniciativas que buscam sensibilizar a população e promover mudanças de comportamento.

Em suma, proteger a fauna silvestre em contato com estradas requer uma abordagem multifacetada, que inclui desde a criação de infraestrutura adequada até a educação e conscientização da sociedade. Somente através do esforço conjunto do poder público, instituições acadêmicas e da população em geral podemos garantir um futuro onde as estradas e a vida silvestre coexistam harmoniosamente.#VidaSilvestre Thayara Nadal, Médica Veterinária no projeto Vida Silvestre, Vida livre do Fórum Animal.

Para qual abismo você olha quando visita zoológicos?

“E se o que estamos ensinando às nossas crianças é que pra ver bicho a gente precisa ir a um zoológico e não a uma reserva ambiental mais próxima da cidade ou a um parque natural do bairro ou até mesmo ao próprio jardim de casa?” Esse foi um dos questionamentos apresentados pela bióloga Vitória Nunes em seu texto publicado em dezembro de 2023 no Fauna News (@faunanews). A provocação contida nessa pergunta  ecoa  e se desdobra em questões profundas sobre que tipo de conexão estabelecemos com a natureza ao visitarmos os zoológicos.

Frequentemente ouvimos que os zoológicos promovem a nossa conexão com a natureza. O que é suposto é que você terá um encontro com a natureza que não está ao seu alcance. Talvez isso aconteça porque zoológicos são locais onde é possível ver animais que povoam nosso imaginário do que seja a natureza, proporcionando uma experiência “fácil” sobre conhecer a diversidade da vida silvestre. No entanto, essa conexão precisa ser questionada, uma vez que os animais em cativeiro não vivem em ambientes que refletem seus habitats naturais.

Os zoológicos apresentam aos seus visitantes uma natureza majoritariamente artificial e que, portanto, impõe limites e distorções ao tipo de conexão que teremos com o ambiente e com os animais. O risco está em internalizarmos essa concepção limitada de natureza a ponto de não nos darmos conta de que ela é apenas um recorte e que precisamos expandir nosso olhar para além dos cativeiros. Para combater essa limitação, os zoológicos deveriam ao menos priorizar que seu público entendesse o real motivo dos animais estarem ali. Algo como olhar fundo para aquela situação e, aí sim, se conectar com vidas cheias de sofrimento, privações e que ainda têm que servir ao entretenimento humano. Talvez essa conexão pautada na responsabilidade seja mais proveitosa.

Para complementar essa reflexão, vale retomar uma conclusão atribuída ao filósofo alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900): “Quando se olha muito tempo para o abismo, ele olha para você”. Nesse contexto, o abismo pode ser visto como a  natureza simplificada propagandeada pelos zoológicos. Se não temos outros referenciais, essa concepção simplificada de natureza nos reconfigura e  passamos a acreditar e aceitar que a vida em cativeiro é o que resta para os animais, que assim estarão “conservados” e livre de ameaças. Nos acostumamos e até nos divertimos com os comportamentos estereotipados dos animais até que não haja tempo e disposição para entender o real motivo de eles estarem ali. Quanto mais nos envolvemos nessa dinâmica, mais distante ficamos da verdadeira conexão com a natureza. Como Nietzsche alegoricamente citou o abismo, ao fixarmos nosso olhar apenas na natureza como é proposta pelos zoológicos, corremos o risco de nos deixarmos envolver em uma visão limitada e artificial.

Portanto, é crucial questionar o propósito e o significado dos zoológicos em nossa sociedade, especialmente se o benefício para os seres humanos em questão for a educação e conexão com a natureza. O entretenimento como “benefício” não deveria nem estar sendo debatido, mas sim superado. 

Para contribuir com essa reflexão, convido você a participar da consulta pública sobre o sentido dos zoológicos em: https://silvestrelivre.org.br/consulta/

Para acessar o texto completo da Vitória Nunes no Fauna News, acesse: https://faunanews.com.br/do-trafico-ao-zoo-interativo-sobre-conservacao-do-lucro-e-pets-publicos/

Thayara Nadal, Médica Veterinária no projeto Vida Silvestre, Vida livre do Fórum Animal.

Fontes

Friedrich Wilhelm Nietzsche, Alegoria do abismo.

Tráfico de silvestres é tema urgente

O tráfico de animais silvestres, tipificado como crime pela Lei nº 9.605/98, é uma prática preocupante que envolve sanções penais e administrativas conforme a legislação de cada país, podendo acarretar detenção e multa. Esta atividade ilícita tem se disseminado, tanto no Brasil quanto globalmente, sendo classificada como o terceiro maior crime internacional, conforme evidenciado por estudos, incluindo o realizado pela WWF (Fundo Mundial para a Natureza). A demanda por animais exóticos, como animais de estimação, impulsiona este comércio, ignorando os impactos negativos sobre os animais e o meio ambiente.

Os animais traficados enfrentam condições desumanas, desde a retirada ilegal de seus habitats naturais até o transporte em situações precárias. Esses maus-tratos não apenas causam danos físicos e psicológicos, mas também aumentam os riscos à saúde e à sobrevivência das espécies traficadas. Além disso, muitas espécies estão em risco de extinção devido ao tráfico, ameaçando diretamente a biodiversidade e o equilíbrio dos ecossistemas.

Embora a mídia tenha aumentado a cobertura sobre o tema, é fundamental que os governos intensifiquem esforços na conscientização da população sobre os danos causados pelo tráfico de animais silvestres. Diante dessa lacuna de ações, muitas organizações não governamentais e entidades civis têm feito um trabalho incansável nesta área. A educação ambiental, campanhas de conscientização e fiscalização são medidas fundamentais para combater essa prática criminosa e proteger a fauna selvagem. 

O recente levantamento feito pela nossa equipe na plataforma de busca Google.com, demonstrou mais de 300 notícias entre o início do mês de março até o início de abril sobre o tráfico de animais silvestres. Esta questão evidencia a magnitude deste problema, como a Operação da Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro, resultando na apreensão de macacos na residência da personalidade Nicole Bahls; a Operação Voo Livre, deflagrada na Bahia e que resgatou mais de 300 aves pela PF; e, a Operação realizada pela Polícia Civil do Paraná que resultou na prisão de nove pessoas e resgatou diversos animais que foram encaminhados para órgãos competentes para os devidos cuidados.  A cobertura midiática destaca a importância de enfrentar esse crime ambiental, reforçando a necessidade de ações integradas e contínuas para proteger nossa fauna e flora.

Além disso, o comprometimento de diversas regiões do Brasil, como o Distrito Federal, em reforçar suas ações contra o tráfico de animais, exemplificado pelo estabelecimento de um dia dedicado a esse combate, dia 29 de setembro, que demonstra a urgência e a relevância do tema. O envolvimento do Ibama em parcerias com instituições nacionais e estrangeiras para fortalecer as ações de fiscalização e repressão ressalta a necessidade de abordagem conjunta para enfrentar esse desafio.Portanto, é essencial desmistificar inverdades sobre o tráfico de animais, como a ideia de que a prática é inofensiva ou benéfica aos animais, sendo que na verdade, os animais enfrentam condições horríveis e sofrem danos físicos e psicológicos irreparáveis.  É nosso objetivo promover a conscientização sobre os impactos devastadores desse crime, destacando a importância de proteger nossa fauna e flora para garantir a sobrevivência das espécies e o equilíbrio dos ecossistemas. Afinal, mesmo após o resgate os animais ainda precisam lutar pela sobrevivência.