O elefante Sandro, que vive no Zoológico Quinzinho de Barros, em Sorocaba, São Paulo, tornou-se o centro de um intenso debate sobre a ética e o bem-estar de animais mantidos em cativeiro. Sandro está no zoológico há cerca de 40 anos, após ter sido retirado de um circo. Com a morte de sua companheira, a elefanta Haisa, em 2020, aumentaram as preocupações sobre seu bem-estar emocional e psicológico.
Atualmente, uma petição no Change.org clama pela transferência de Sandro para o Santuário de Elefantes Brasil (SEB), na Chapada dos Guimarães, Mato Grosso. O SEB oferece muito mais espaço e oportunidades de socialização com outros elefantes, algo impossível no zoológico onde Sandro vive. Essa campanha é apoiada pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que já solicitou judicialmente a transferência do elefante, citando os riscos de isolamento e sofrimento psicológico.
No entanto, a Prefeitura de Sorocaba defende a permanência de Sandro no zoológico, argumentando que uma transferência poderia ser arriscada para a saúde do elefante, especialmente considerando sua idade avançada. Em abril de 2022, a Justiça negou a liminar para a transferência imediata, alegando que não havia provas suficientes de maus-tratos e que a mudança poderia causar mais danos do que benefícios para Sandro.
A problemática de manter animais silvestres, como elefantes, em cativeiro por longos períodos é complexa e preocupante. Elefantes são animais extremamente inteligentes, com grandes necessidades sociais e físicas. Em ambientes artificiais como zoológicos, eles frequentemente sofrem de estresse, depressão e problemas físicos como artrite, devido à falta de espaço e estímulo adequado. Esses fatores podem levar a uma expectativa de vida reduzida e comportamentos anômalos, como o balançar da cabeça, que indicam sofrimento psicológico.
Santuários, como o SEB, surgem como uma solução mais ética para animais que passaram grande parte de suas vidas em cativeiro. Nesses locais, os elefantes podem viver em condições menos artificiais, com um pouco mais de liberdade para se mover e interagir com outros elefantes, o que pode melhorar sua qualidade de vida. Esses santuários podem ser administrados por especialistas em cuidados de animais silvestres, garantindo que eles recebam a atenção necessária. Entretanto, é importante estar atento ao fato de que, no Brasil, ainda não há regulamentação específica para santuários. Isso significa que a qualidade dos cuidados e as condições oferecidas podem variar significativamente entre diferentes instituições. A ausência de regulamentação implica que, em alguns casos, os santuários podem não fornecer o ambiente ideal para os animais, apesar de serem uma alternativa ao cativeiro em zoológicos.
A mobilização em torno de Sandro não é apenas sobre o destino de um único elefante, mas também sobre a necessidade urgente de repensar o papel dos zoológicos e a maneira como tratamos animais silvestres que vivem em situação de cativeiro.
Apoie a transferência de Sandro para o Santuário de Elefantes Brasil! Assine a petição no Change.org e contribua para garantir um futuro mais digno e ético para ele.
#silvrestrelivre #exploracaoanimal #zoologicos #cativeiro #bemestaranimal
Thayara Nadal, médica-veterinária no projeto Vida Silvestre, Vida Livre do Fórum Animal.